sexta-feira, 31 de julho de 2009

Andréas Kisser cita Herbert como exemplo

Não há limites para a música - Por Andreas Kisser, colunista do Yahoo!Brasil

Acabei de voltar de uma turnê com o Sepultura na Europa, que durou um mês e passou por 25 cidades, em 14 países. Foi espetacular. Nestas visitas rápidas que o Sepultura faz em cada cidade, eu sempre encontro gente interessante com histórias inacreditáveis e inspiradoras.

No show de Paris, depois da passagem de som, eu conheci um brasileiro, Andre Santos, que mora na França já há algum tempo. Ele é baixista e tem uma banda, a Abinaya, com amigos franceses. A banda faz um som pesado, com influências da percussão brasileira e vocal em francês (confira o MySpace do grupo).

Mas o fato que mais me chamou a atenção é que o baterista, Nicolas Vieilhomme, é cego!Uau! Fiquei surpreso com aquilo, nunca ouvi falar de um baterista cego, e ele toca muito bem. Andre me contou que em um show ele bateu com a baqueta no prato, ela escorregou da mão dele, subiu e quando voltou, ele pegou de volta, como se fosse um malabarista. Incrível. Outros sentidos se agussam quando um é inexistente.
Então comecei a pensar em outros casos de músicos com necessidades especiais, de como estas necessidades não atrapalharam seus sonhos e o quanto isso dá motivação a qualquer pessoa, principalmente àquelas que reclamam de tudo na vida.

Entre estes músicos que citei está Ray Charles que, vivendo nos Estados Unidos em meados do século passado, além de enfrentar as dificuldades de ser cego, vivia em uma sociedade racista. Não podemos esquecer também de Stevie Wonder, um dos músicos mais influentes da música norte-americana e Jeff Healey, guitarrista norte-americano de blues, que tocava a guitarra no colo de uma maneira totalmente única. A cegueira fez com que ele adaptasse o instrumento e o tocasse de uma outra forma, inspirando outros músicos, cegos ou não, a tocarem como ele.

Tony Iommi, lendário guitarrista do Black Sabbath, perdeu as pontas dos dedos quando trabalhava em uma siderúrgica na Inglaterra. Isso não o impediu de tocar guitarra. Ele arrumou pequenos pedaços de borracha e as grudava na ponta dos dedos. Hoje é considerado o verdadeiro inventor do heavy metal.

O baterista do grupo britânico Def Leppard, Rick Allen, sofreu um acidente de carro em 1984 e perdeu o seu braço esquerdo, mas não desitiu da bateria. Os companheiros de banda não deixaram de acreditar e com uma bateria totalmente reformulada e adaptada à sua nova condição, Allen voltou a tocar no mais alto nível, tornando-se uma referência no cenário do hard rock. Impressionante!

Django Reinhrardt, um dos guitarristas de jazz mais respeitados no mundo, também por causa de um acidente, queimou severamente suas pernas e a mão esquerda, o que acabou praticamente paralizando os dedos três e quatro. Ele se recusou a seguir a ordem dos médicos, que queriam amputar a sua perna direita e afirmavam que ele nunca mais tocaria guitarra. Claro que isto não parou Django, ele voltou a tocar guitarra, somente com dois dedos funcionando na mão esquerda e revolucionou o instrumento no jazz. Outro gigante do jazz era Thelonius Monk. Pianista único, de acordes e escalas dissonantes, ritmos alucinantes e um toque inconfundível, ele sofria de distúrbios mentais.

E tem ainda meu amigo Herbert Vianna, grande compositor, guitarrista e vocalista dos Paralamas do Sucesso. Herbert sofreu um acidente, caindo na baia em Angra dos Reis quando pilotava o seu planador. Ele perdeu sua mulher, Lucy, e ficou paraplégico. Herbert também perdeu parte de sua memória, mas não perdeu a música. A recuperação foi lenta e demorada, mas sempre evolutiva. A música foi a força que manteve Herbert vivo e atuante. Hoje, ainda se apresenta nos palcos com vigor, técnica, inteligência e muito sentimento, uma verdadeira aula de vida.

Herbert, Os Paralamas e Andréas juntos tocando “Mensagem de Amor”


Enfim, são vários os casos e histórias de vitórias. A música, mais uma vez, se mostra como um terreno fértil e instigante, onde os maiores problemas são solucionados, mesmo aqueles que parecem ser impossíveis.

Nunca subestime o poder da música.
Abraço a todos.
Andreas Kisser

Paralamas aguardados em Ariquemes-RO

Vejam no detalhe que a "Assessoria" era os nomes do Herbert e do Barone !
Fonte: Rondônia ao vivo - Expectativa para apresentação dos Paralamas em Ariquemes nesse sábado (01)
Uma das bandas de rock mais populares do Brasil, “Os Paralamas do Sucesso”, se apresenta neste sábado em Ariquemes, com expectativa de um público de 40 mil pessoas, segundo os organizadores da 26ª Exposição Agroindustrial de Ariquemes (Expoari).

Hebert Vianna, João Baroni e Bi Ribeiro estão gerando uma grande expectativa não só em Ariquemes, como em boa parte do Estado. Uma prova desta afirmação é a lotação dos hotéis da cidade. Os estabelecimentos mais conceituados estão operando com a capacidade máxima.

Para o presidente da Expoari, José Luiz, o objetivo de trazer um show de rock para uma feira agropecuária é proporcionar uma festa eclética, onde todos possam se divertir. “Nós já apresentamos shows sertanejos como Hugo Pena e Gabriel, Tchê Garotos e João Neto e Frederico. Agora vamos realizar um show de rock com uma das bandas mais queridas do Brasil, que é o Paralamas”, resume.
Fonte: Assessoria

Um abraço,

Lunático

Vídeo Show - Camila Pitanga mostra os bastidores do Som Brasil .

Programa faz homenagem ao grupo Paralamas do Sucesso e vai ao ar na Globo em 31JUL2009
Download: aqui !


Para ver a participação dos Paralamas no Som Brasil, clique aqui!

Um abraço,

Lunático

Derrubando barreiras: Mara Gabrilli entrevista Herbert Vianna (Eldorado FM)

Programa de Mara Gabrilli comemora centésima edição recebendo o vocalista e compositor do Paralamas do Sucesso. Além de música, Herbert fala sobre o que mudou na sua vida após se tornar cadeirante.
Derrubando Barreiras: 'Entre cadeiras e paralamas' - Eldorado FM - 30JUL2009
Comemorando 100 edições do programa, vocalista do Paralamas, Herbert Vianna, é entrevistado; confira!
Por Mara Gabrilli

- O que você sente no seu corpo? Da minha cintura para baixo é uma compressão que parece me esmagar. Isso desde que acordei, depois do acidente. Você sente a mesma coisa?

Foi com essa pergunta que fui recebida pelo Herbert Vianna, compositor e vocalista da banda Paralamas do Sucesso, nos estúdios da Eldorado. Passei por uma inversão momentânea da proposta inicial: achei que seria eu a entrevistá-lo para o Derrubando Barreiras... Respondi.

- Você tem sensualidade? Perguntou ele.

Disse que minha sensibilidade externa é meio confusa, sei que me tocam, mas dependendo do lugar não saberia afirmar exatamente onde. Agora, internamente, sinto muito mais, mais que antes...

- Você sente tesão?

E eu: claro! Essa intensidade não muda. Muda a forma, por isso que é importante olhar...

Veio outra pergunta e outra e outra. Acabamos nos enfronhando numa conversa sobre lesões, corpo, sensibilidade, desejo, quais são as possibilidades e as impossibilidades de quem vê sua vida mudar de ângulo, de modo, de mobilidade. Estar com outras pessoas com deficiência é meter-se num caldeirão de idéias a se compartilhar: propostas, novas terapias, novas formas de se exercitar.

Amigos acabam trazendo novidades e adaptações, porque, enfim, cada pessoa é única na sua deficiência e só ela é capaz de, precisamente, expor todas as suas necessidades. Uma cadeira de rodas, por exemplo. Vocês sabiam que cada cadeira passa por uma adaptação minuciosa para ser exatamente das medidas de seu dono? Eles medem tudo: fêmur, canela, largura do quadril, do tronco... Enfim, mas foi nessa conversa que percebi, também, que a falta dessa convivência paralisa as possibilidades de melhora. Dei uma série de dicas para o Herbert e a mais importante: não pare nunca de se exercitar. As pesquisas com células-tronco estão avançando e precisamos manter o corpo em ordem para poder levantar e sair andando por aí quando a hora chegar!

Paralântico - Atrás dos óculos (eu não era assim não...), em cima de uma cadeira de rodas, e por todos os seus poros, pude enxergar no Herbert uma pessoa absolutamente romântica, poeta, sensível... paralâmica, como ele mesmo adora falar. Uma das sequelas do acidente, segundo ele, foi a lesão cerebral que lhe garantiu uma perda de memória recente. Daí sua fala vagarosa, mas ainda assim penetrante, profunda. As frases são como pequenas lições de poesia... Arremedos de possíveis novas composições. Perguntei se ele iria compor sobre sua nova condição... claro que sim...

"A alma não tem cadeira, não tem perda de movimento, não tem lesão medular. O exercício é se libertar do próprio corpo e deixar só ela te levar".

Vou com o Herbert: paralâmico, romântico, libertário. Acho que ser uma derrubadora de barreiras é não impor nenhum limite, nem físico. Taí o princípio de tudo: reconstatei que minha alma não tem cadeira. Também sou paralâmica.

Download do áudio da entrevista, clique no link a seguir: 20090730eldoradofm - derrubando barreiras - entrevista maragabrillli herbertvianna.mp3

Um abraço,

Lunático