sábado, 24 de outubro de 2009

Pedro Berliner no Estúdio I

15OUT2009 - Estúdio I
Roberto Berliner fala sobre o filme 'Herbert de Perto'
A trajetória de Herbert Vianna virou filme. Assista a entrevista com o diretor do sensível documentário, Roberto Berliner.


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Parte 1
Parte 2
Um abraço,

Lua

Eu vi Herbert de Perto e vi o meu passado passar por mim

Seria muito fácil fazer um filme-homenagem sobre o Herbert e suas imensa produção intelectual e contribuição para a evolução da MPB e para a consolidação de um pop-rock verde-amarelo. O que o Roberto Berliner e o Pedro Bronz conseguiram muito mais que isso. Considero que a escolha do personagem já é uma homenagem. A partir daí, amigos, amigos; documentários à parte.

O documentário foge do óbvio ao evitar seguir a linearidade cronológica de uma simples biografia. O filme começa colocando o Herbert pós-acidente contra um Herbert "Bora-Bora", que se achava invencível e capaz de superar qualquer coisa, qualquer tragédia para recomeçar e conquistar tudo de novo. Um Herbert que fala pouco depois do início de sua recuperação, após viver o que viveu, diz na lata: "esse mané não sabe o que tá falando". Será ? O Herbert estaria tendo cagaço por pensar demais - por estar sendo racional demais naquele momento e não conseguir enxergar força que tinha dentro e em torno de si ?

O filme então resgata a pré-história dos Paralamas sob o ponto de vista deles mesmos e dos que estiveram próximos a eles nessa arrancada: os dias de Brasília, o encontro entre Herbert e Bi, a mudança para o Rio, o show da Rural, o papel da mãe do Herbert na demissão de Vital, a saudosa paladina do barulho dos ensaios e fã número 1 Vovó Ondina, a primeira demo tocada pelo camisa-preta MauVal na Mal(u)dita Fluminense FM, o sucesso comercial, o consagrador Rock in Rio, a deprê pós-Paula Toller, a conquista da Argentina, o retorno consagrador ao sucesso no Brasil com o Vamo BatÊ Lata, as horas de lazer entre pai, o Brigadeiro Hermano e o filho Herbert, voando de ultraleve, sucesso em velocidade de cruzeiro, a nova língua de Brown, discussões filosóficas entre Bi e Herbert sobre o que é Saber Amar... nada mais me deixa chocado, nada pára esse cara... nada...

Só uma coisa parece capaz de pará-lo - Lucy. Que poder da natureza tem a Lucy pra fazer esse mané desacelerar e virar dono de casa que troca fralda de criança ? O que é A Polvóra diante da força e do impacto que a Lucy teve na vida desse cara... Eu diria: Lucy, aquela gravidade em torno da qual o Herbert flutua. Nesse momento do filme, eu vi o meu passado passar por mim. Cartas e fotografias, shows e adolescência, Paralamas e Led Zep, Maceió. O ultraleve cai, gente que vai embora. Gente que quase vai... mas que fica... pra cuidar dos filhos. Pra cuidar dos corações e mentes da gente. E começar tudo de novo. Aquele mané sabia sim o que tava falando. Os "In between days" entre o acidente e a volta aos palcos - da enfermeira gostosa do Copa D'Or ao Sarah estão ali: a angústia da família e dos amigos esperando por dias mais solares, expressão do Eduardo Lyra durante as gravações do Hoje, que chegam finalmente. O ponto de vista dele no palco no palco e na vida hoje é diferente mas ele continua sendo referência pra gente que tem problemas normais e não dores neuropáticas. Esse cara começou tudo de novo, e conquistou tudo de novo. Esse é o Herbert de Perto, humano como nós. Super-homem como nenhum outro.

Herbert, come as you are ! A gente quer te ver e te ter mais tempo de perto. Deje su nueva piel quemarse bajo el sol Brasil Afora. Y se algo se cambió, fué acá, dentro de mí. Herbert De Perto faz me ver Las Luces y Lucies de Herbert en mí vida mortal. Tenemos nuestros herimientos bajo una nueva piel. Felizmente, o Herbert hoje é um vampiro ao contrário - ele dá o sangue dele pra gente bajo el Sol. Nossa vida com o Herbert de Perto é cada dia mais solar.

Obrigado, Pedro e Berliner. Obrigado, Herbert.

Um abraço,

Lua

Herbert de Perto - Fotos da pré-estréia em Salvador-BA










Fotógrafos: Renata Voss / Vítor Braga

Um abraço,

Lua